sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

To be or not to be

Em tempos de profundas trevas na educação brasileira, eis que a chama da esperança ainda resiste na tempestade. Pelo menos no caso que eu tenho pra contar.

Recentemente, participei do processo de seleção duma conceituada escola de idiomas. Na semana de treinamento, pude conhecer mais de 50 candidatos ao posto de professor de inglês. Mesma meta, perfis muito diferentes: de um lado, aqueles cujo gosto os levou a uma formação apropriada para a coisa, a graduação em Letras; de outro, aqueles cujas circunstâncias ou a pura paixão pela língua os levou a quererem virar teachers - brasileiros recém retornados do exterior de mãos abanando, estrangeiros residentes, gente com tempo e vontade, entre outros.

A variedade de perfis é algo que o próprio ramo possbilita, pelo menos enquanto o único pré-requisito mor é saber a língua, o que não é privilégio dos graduados. Pra alguns, "dar aula de inglês" acaba sendo o último recurso, quando o idioma deixa de ser um item de qualificação pra virar o próprio instrumento do ganha-pão. That's alright. O que me surpreende não é só encontrar tanta gente, mas sim encontrar gente formada em outras coisas aspirando a se tornar... professores. Advogados, arquitetos, jornalistas e até um filósofo eram meus concorrentes nesta seleção. Este último porque chegou a achar, por pouco tempo, que "as pessoas tendem a considerar (ensinar inglês) uma coisa útil."

Além da insatisfação pessoal com as escolhas anteriores, o que nos diz esse fato? Diz, penso eu, que apesar do baixo status e das terríveis condições de trabalho, ser professor ainda é uma profissão que estimula paixão e entusiasmo nas pessoas. Sim, por pior que seja o pano de fundo de atuação, a imagem do professor ainda exerce um grande apelo em todos nós. Todos nós guardamos a memória marcante de um professor que fez mais do que nos ensinar uma disciplina, afinal eles são uma peça crucial em nossa formação; com eles passamos os anos que determinam como seremos.

Mas voltemos à nossa cruel realidade educacional brasileira. Para os teachers e professeurs e Lehrers por aí tudo parece estar indo razoavelmente bem, pois as escolas de idiomas e os colégios particulares são hoje ilhas de segurança, eficiência e respeito à profissão, onde as coisas funcionam algo perto do que devem ser. Mas e quanto aos professores de escolas públicas? Até quando a chama em cada um deles vai aguentar? E quando ela se apagar, alguém vai atirar a primeira pedra?

3 comentários:

  1. bons argumentos meu caro amigo!!! Lecionar em certas escolas nos parece impossivel. Educação(ou a falta da mesma) talvez explique a péssima qualidade da grande maioria das instituições publicas do país. Uma pena!!

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  2. Pois é, e não é só o caos da educação que conta, né. As mudanças na estrutura da família também contam muito, os pais ficam muito ausentes e a molecada perdeu a educação e o respeito, por mais que a escola tenha tentado acompanhar com metodologias mais modernas e tal.

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