sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Por que o seu filho deve ser um metaleiro

Se, como eu, você está num relacionamento sério, leitor do sexo masculino, você sabe que pegar-se falando de casamento e filhos é uma temeridade normal, da qual não tem como fugir. Ossos do ofício. Foi numa dessas ocasiões, em que discutia como melhor criar filhos, que cheguei à conclusão - após uma árdua arguição pela minha namorada - que, quando o assunto é gosto musical e atitudes adjacentes, o melhor para os pais é que seus filhos sejam metaleiros. Já explico.

De modo geral, digamos que o heavy metal constrói caráter. Talvez não seja o ideal, que seria o seu filho ser um amante da música erudita, mas serve bem em vista do que há por aí. Pra começar, menciono a grande quantidade de moleques - e molecas - que decidem aprender um instrumento inspirados por seus ídolos musicais. Pra estar abilitado a tocar esse gênero há que dedicar-se muito, pois o rock em geral está cheio de grandes virtuoses, cujo passado pregresso inclui oito horas diárias de estudo trancafiados no quarto (que isso redima o resto). A molecada se organiza em bandas e aprende a trabalhar em grupo, dando voz a sua sensibilidade. No meio do caminho, muita vezes surge um interesse gradual por outros gêneros musicais mais conceituados, como o MPB, o clássico e o jazz, o que enriquece a experiência musical dos meninos.

O gosto pela música em si trará benefícios ao comportamento do seu filho. Fã de heavy metal (e rock em geral) vai a show pra ouvir a banda tocar - e, por que não, fazer uma modesta tietagem. Ao contrário do que muita gente pensa, shows de metal são organizados, o público é em sua grande maioria pacífico, não rouba, não arruma briga e prestigia as bandas. Elas adoram o Brasil. Ninguém está ali pra beijar 25, dar amassos, transar e engravidar atrás do trio elétrico, ao contrário da turminha de abadá. Vê-se o show, depois comenta-se com entusiasmo sobre a performace da banda, a estrutura da casa, o equipamento e o repertório; come-se um dogão e ruma-se pra casa. Prejuízo: uma minúscula perda de audição que se manifesta por um zumbido que durará até a manhã seguinte. Mais nada.

Engana-se também quem pensa que todo roqueiro é pé-de-cana e dependente químico. Claro que há muitos beberrões no meio, assim como há em qualquer lugar. Mas não há nada no metal que crie uma ligação com álcool. Eu mesmo cresci com meus amigos ao som de power chords e tappings bebendo a boa e velha Coca. Mais de uma vez já vi moleques metaleiros, inconfundíveis em seus trajes pretos, coturnos militares e cabelos compridos e disciplinados, em pé na porta do supermercado comendo biscoito recheado e tomando iogurte. Idílico. Não são mais do que moleques em busca de uma identidade, um senso de grupo, algo que lhes faça crer estar envolvidos numa boa causa, só isso. E pra matar a fome na rua nada melhor que biscoito e iogurte. Sacou?

Meu último argumento de que metaleiros são pessoas muito melhor influenciadas e comportadas do que a galera mainstream do pagode, funk etc. é que o metal explora o reino da mais pura fantasia. Quantas são as bandas que flertam com mitologia, folclore, estórias de reinos distantes, cavaleiros valorosos, princesas "fremosas" e batalhas ao por-do-sol? Pensem em Blind Guardian, Thuata De Dannan e Rhapsody, por exemplo - nada contra elas. Quão ingênuo e inofensivo é o adolescente que viaja na onda de caras de naipe assim?


Combatendo o mal
Preciso dizer mais? Quanto àqueles que acham que metal é coisa do diabo, Ozzy Osbourne é um bufão, coisa do diabo é 5 mil pessoas ensandecidas atrás do trio elétrico, bêbadas, vomitadas, semi-nuas e esfregando-se uma na outra num frenesi incontrolável.
Preciso dizer mais?
Por isso, senhoras de senhores, pais e mães do Brasil, atualmente e por tornar-se, estimulem seus filhos a encher o silêncio sagrado do lar cristão com heavy metal. Os benefícios serão pra vida toda. Seu filho ou filha vai crescer um adolescente tranquilo, adquirirá um gosto por músicas de qualidade e outras artes, não se meterá com más companhias e ficará longe de encrencas. Uma adolescência perfeita, uma passagem perfeita para a vida adulta pacata e bem sucedida. E se forem legal com eles, eles virão visitar com frequência, anotem o que estou dizendo.

E viva o rock!


4 comentários:

  1. 1 - Tem sim como fugir. 2 - Mto bem escrito e emotivo seu texto. 3 - O resto eu falo pessoalmente.

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  2. ahahahaah boa!!! Isso me faz lembrar do alexandre pegando no seu pé por causa do def leppard e U2 assim como ele pegava no meu por causa do Gleen Hughes!! bons tempos aqueles no chugato ouvindo perfect gentleman na casa do fil lembra? foda!!!

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  3. Pois é, bons tempos. E diz se nós não éramos uma juventude modelo, hã, hã? Hahahaha!

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