domingo, 27 de setembro de 2009

Não tem o que fazer? Faça mestrado!


Ando na correria pra passar no mestrado. Sexta última entreguei meu pré-projeto - o que seria o projeto??? - no último minuto da última hora; quase não consegui, graças ao puro descuido de não ter providenciado uma cópia da minha CDI. Marta e Winie me salvaram me mandando-o via fax. Sou eternamente grato às duas. E a Alita foi quem deu a idéia do fax ou scan, que eu na hora nem sei se teria pensado nisso. Aquele foi um dos momentos mais tensos da minha vida, mais ainda que ter chegado a Detroit sem mala e achar que não conseguiria recuperá-la jamais. Só pra constar, na UFMG paga-se um total $90 de inscrição na pós-graduação enquanto que a Unicamp, por exemplo, não cobra inscrição, pois eles são espertos e conseguem mais verba do governo fingindo que produzem mais do que realmente produzem, um belo trabalho de maquiagem.

Meu mestrado será em literatura de expressão inglesa e a linha de pesquisa, se tudo der certo, Literatura, História e Memória Cultural. Vou tratar da literatura nipo-americana, escritores americanos e canadenses de origem japonesa. Esta literatura retrata a vida dos imigrantes nos EUA e Canadá, mas basicamente gira em torno do encarceramento dos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, quando mais
de 120.000 pessoas foram arrancadas de seus lares e empregos e levados para campos de concentração - ou, se preferirem, relocation centers - onde permanceram até o Japão ser derrotado e a guerra encerrada. Nenhuma evidência de risco nacional foi encontrada previamente à decisão, mas os governos dos dois países prenderam toda a comunidade nipônica para "anular a chance do yellow peril," além do que a medida proporcionava uma boa oportunidade para "estudarem o inimigo." Foram rapidamente erguidos dez campos de concentração, dotados de mínimo conforto para os alojados, nos estados da da Califórina, Arizona e Idaho, entre outros, e lá os nipo-americanos viveram por uns 3 anos, um bode espiatório nacional por serem racial e culturamente diferentes, mais fechados que outros imigrantes "étnicos" e por se darem bem economicamente dum jeito ou doutro, sempre plantando, com admirável afinco, suas hortaliças e frutas.

Dentre outras coisas, pode-se analisar como esta literatura retrata a experiência do encarceramento e a reabilitação pós-guerra destas pessoas, questões como racismo, direitos humanos, como a política se permite distorcer o que é considerado certo ou errado para atender a seus propósitos, o lugar de minorias étnicas nas sociedades ocidentais e, mais importante, o lugar da literatura na construção da memória e consciência históricas.

Há obras de valor que merecem serem lidas e estudadas neste pequeno nicho, com o qual lidarei agora pelos próximos dois anos.

A bela foto acima foi tirada no campo de Manzanar, Califórnia, provavelmente entre 1943 e 45.

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