sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nas entrelinhas dos Beatles

Beatlemaníacos, tremei! O momento é auspicioso para o legado dos lendários ingleses. O falecimento inesperado de Michael Jackson teve, lá, seu lado benéfico, por assim dizer: o quarteto está de volta ao menu da famélica indústria do showbizz. Não só EMI e Apple Corps já anunciaram lançamento da discografia remasterizada dos Beatles, no que aproveitaram para agregar mais valor ao produto recheando-o com uma série de treats, incluindo arte original, libretos com fotos raras, vídeos e making-of (tudo disponível num box), como também, na febre do Guitar Hero, um jogo/simulador já está à venda para quem quiser se sentir um Lennon ou um McCartney no conforto de sua sala de TV. Aposentem o chuveiro, senhoras e senhores.

Mas quem diria que os rapazes de Liverpool, com seus terninhos bem cortados, franjas meticulosamente aparadas e sorrisos de dar inveja a qualquer inglês, também empregaram seus instrumentos fálicos (as canetas, leitor!), à serviço da famigerada prática roqueira das mensagens subliminares? Talvez seja um overstatement dizer que são mensagens subliminares. São apenas as sutilezas malandras da língua, nada que outras bandas não tenham posto em prática a esmo. Pensem, por exemplo, no auto explicativo FUCK, do Van Halen, sigla para For Unlawful Carnal Knowledge, em outras palavras, uma apologia do sexo pré-matrimônio ou mesmo do adultério, atos que se resumem na própria sigla/palavra que entitula este mui excelente disco. Como diria meu amigo Daniel, é FODA quando uma banda sabe usar a ambiguidade para falar de sexo.

Voltando aos Beatles, há pelo menos duas canções das mais famosas contendo sexual innuendoes. A primeira é "Hard Day's Night," em que o homem diz que não se importa de ralar feito um cão pra trazer grana pra sua mulher,
                       So why on earth should I moan
                       cause when I get you alone
                       you make me feel alright
E notei que na versão que consta da antologia, diferente da do disco homônimo, John canta discretamente all through the night, yeah. Um hino bitouístico ao homem comum, que rala de segunda a sexta e não pede nada mais do que uma mulher pra cozinhar sua comida, lavar sua roupa e aliviar seu stress à noite.

O segundo exemplo também é dos bons. Que melhor jeito do cara dizer que ele ofereceu e ela não quis do que dizer que ele ofereceu à malvada um ticket pra passear com ele (to ride, que no caso das mulheres significa aquilo mesmo) e ela o ignorou categoricamente, deixando o loser que vos fala (o da música!) a chupar dedo? É música de loser, mesmo, mas tão sutilmente fraseada que só com muita atenção e sabendo os sentidos do verbo to ride que o ouvinte consegue captar. Quem duvida, cheque o verbete do Wikipedia abaixo
http://en.wikipedia.org/wiki/Ticket_to_Ride

E ouça as canções. Talvez duma perspectiva diferente desta vez.
http://www.youtube.com/watch?v=PlDdcCzKjsc&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=xn_kNeorDSk

3 comentários:

  1. poxa legal o bleg paulo!!! Bacana!! curti a referência a minha pessoa!!! é isso ai!!! Parabéns!!!

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  2. Valeu, Dani! Este negócio de fazer blog pode até ser divertido. Vc é o cara das referências de cultura pop.

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